Dia Internacional da Mulher: a importância da presença feminina na tecnologia, ciência e inovação

Um marco pelos direitos sociais, civis e pela igualdade de gênero, o Dia Internacional da Mulher é um momento para celebrar a importância da presença feminina no cenário da tecnologia, ciência e inovação.

Atualmente, a área da tecnologia é dominada por homens. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), 83,3% do mercado é composto por homens, enquanto as mulheres ocupam apenas 12,3% dos cargos de tecnologia.

A desigualdade de gênero na ciência também é uma realidade. Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), as mulheres são maioria nas universidades e nas bolsas de iniciação, mas só representam 35% das bolsas de produtividade, destinadas aos pesquisadores no final da carreira.

Os desafios são muitos para alcançar a equidade e gênero não define competência. Basta lembrar que as mulheres tiveram uma participação histórica nas áreas da tecnologia, ciência e inovação. O primeiro algoritmo foi criado pela matemática e escritora Ada Lovelace. A atriz Hedy Lamarr inventou o protótipo que é base para tecnologias de comunicação sem fio, como o Wi-Fi. Marie Curie, física e química polonesa, foi pioneira no estudo da radiação e descobriu os elementos radioativos rádio e polônio. Por suas contribuições, ela recebeu dois prêmios Nobel e se tornou a primeira mulher a conquistar este reconhecimento.

Por isso, é preciso sempre reforçar: equipes diversas geram soluções mais criativas, ideias inovadoras e diferentes perspectivas. Incentivar a candidatura de mulheres nas esferas da tecnologia, ciência e inovação, além de proporcionar oportunidades de crescimento em posições de liderança, são passos essenciais para transformar o cenário atual. O Tecnosinos apresenta casos inspiradores que demonstram a viabilidade dessas iniciativas: confira os relatos de mulheres que se destacam em seus campos de atuação.

Alesandra Venturella, CFO na HT Micron Semicondutores

Sou CFO de uma empresa de tecnologia em semicondutores. Estar inserida em uma área onde ainda somos minoria, tanto na cadeira executiva de finanças quanto na atuação em empresas de semicondutores, é um desafio que enfrento com determinação e orgulho. Encaro essa realidade como uma oportunidade de quebrar barreiras e inspirar outras mulheres a confiarem no seu potencial. Acredito firmemente na importância da diversidade de gênero no ambiente profissional, pois traz diferentes perspectivas e abordagens para os desafios que enfrentamos.

Precisamos incentivar jovens mulheres desde cedo a se interessarem por ciência, tecnologia, engenharia e afins. Também precisamos oferecer ambientes de trabalho inclusivos e oportunidades de desenvolvimento profissional. Programas de mentoria e networking específicos para mulheres na tecnologia podem fornecer suporte e encorajamento necessário para que elas avancem em suas carreiras.

Franciele Pume, Gerente Comercial – Manufatura Aditiva na SKA

Atuo na área de tecnologia desde 2011, enfrentando desafios em um ambiente majoritariamente masculino, especialmente nas áreas de engenharia e manufatura. Iniciei com 20 anos, então, sendo mulher, com pouca experiência e jovem há 14 anos atrás, era mais desafiador.

Ao longo dos anos, testemunhei um avanço gradual na representatividade feminina na área tecnológica. Aqui na SKA a presença de mulheres cresceu e atualmente estamos em quase todas as áreas, inclusive nas de liderança. Com dedicação, conquistei meu espaço e me tornei uma referência para colegas mais jovens, o que é gratificante.

Embora desafiador, estar em um ambiente onde mulheres são minoria é uma oportunidade para promover mudanças. A diversidade é essencial para a inovação e para incluir mais mulheres na tecnologia é necessário destacar exemplos femininos, oferecer mentoria e promover programas de capacitação desde cedo, como o programa para jovens programadoras, realizado pela SKA em parceria com o SENAC. Espero por um futuro com ambientes profissionais mais inclusivos, onde as mulheres possam estar onde desejarem e merecerem.

Eduarda Diefenbach, pesquisadora e engenheira química da RMA Tech

Lidar com os desafios da pesquisa é, por si só, uma jornada desafiadora que exige estudo, resiliência e superação de obstáculos, nem sempre alcançando os resultados esperados. Especialmente trabalhando no desenvolvimento de tecnologia para a indústria de tintas, que é considerada conservadora, e sendo uma jovem mulher, o desafio se torna ainda maior. No entanto, é perceptível que as mulheres têm conquistado espaço na pesquisa, destacando-se por características essenciais para o sucesso no desenvolvimento de novas tecnologias. Apesar dos desafios enfrentados, é muito gratificante o reconhecimento quando um desenvolvimento dá certo. É um sentimento que faz valer o esforço!

Acredito que iniciativas como palestras e eventos voltados para promover a ciência entre o público feminino, além da integração da pesquisa científica no currículo escolar, são estratégias que aproximam as estudantes dessas oportunidades, destacando a importância do avanço tecnológico para a sociedade como um todo. Espero que cada vez mais possamos contar com mulheres à frente de grandes estudos para inspirar novas cientistas.

Patrícia Pereira, analista da Unitec e responsável pelo modelo Cerne

Atuar em uma área predominantemente liderada por homens é desafiador. No entanto, enquanto a presença feminina ainda é uma minoria, vejo isso como uma chance de redefinir padrões, fomentar inovação, superar estereótipos e melhorar a representatividade em cargos de liderança. Ao incluir mais mulheres, estamos trazendo perspectivas diversas, impulsionando a resolução criativa de problemas e fortalecendo o ecossistema.

Para transformar esse cenário, é importante investir em programas que despertem o interesse das meninas por tecnologia, ciência e inovação desde cedo, criando ambientes de trabalho inclusivos onde a diversidade é valorizada não apenas como métrica, mas como fonte de riqueza intelectual.

Eventos que destaquem as realizações femininas na tecnologia, iniciativas em busca de maior equidade, bem como a criação de políticas de igualdade de oportunidades são fundamentais para construir um ecossistema inovador, que aproveite ao máximo o talento das mulheres.


08 de Março de 2024
Destaque Tecnosinos