Trabalho de conclusão de arquitetura conecta tecnologia e equidade de gênero

Conectando tecnologia e empreendedorismo feminino, um trabalho de conclusão de uma das recentes graduadas de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos recebeu destaque. A autora do Aurora Hub é Patrícia Pereira, analista da Unitec, que usou sua expertise em inovação de seu trabalho no Tecnosinos para realizar um projeto contemporâneo e estratégico.
O terreno escolhido para o desenvolvimento do projeto está localizado em São Leopoldo, próxima ao 16º Batalhão de Polícia Militar, ao lado do Tecnosinos e da Unisinos, definida no plano diretor da cidade como uma área de interesse tecnológico. A proximidade com as duas instituições foi importante na escolha, pois facilita a integração entre startups, academia e o ecossistema tecnológico local.
Como a área escolhida possui uma extensão de quase 500 mil m², o projeto propõe um master plan, cujo conceito “Work, Live, Play and Study” guia o planejamento, trazendo conforto e equilíbrio entre trabalho, vida pessoal, lazer e estudo em um ambiente integrado, o que possibilita a melhoria na qualidade de vida e a produtividade dos usuários.
Segundo Patrícia, a ideia do projeto surgiu como uma resposta a desafios globais, como a desigualdade de gênero no setor tecnológico, destacada por entidades como ONU Mulheres e Unesco, que apontam a necessidade de criar espaços inclusivos que promovam a equidade. “A proximidade física e estratégica entre o Tecnosinos e a Unisinos foi um fator determinante para idealizar um ambiente acessível, seguro e inovador, dedicado ao empoderamento de mulheres e meninas por meio da capacitação, mentoria e conexão com oportunidades. O Aurora Hub reflete o compromisso de unir tecnologia e inclusão social, aproveitando a infraestrutura e o ecossistema de inovação para formar lideranças femininas no setor, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa”, explica.
Com a palavra, os professores
De acordo com o professor Martin Gonzalez, orientador de Patrícia, o projeto demonstra uma abordagem exemplar em termos de sustentabilidade, com estratégias que alinham inovação e eficiência. “O trabalho é um exemplo notável de como a arquitetura pode colaborar para objetivos sociais e ambientais, promovendo igualdade de gênero e inovação tecnológica. A integração entre o projeto arquitetônico, o contexto urbano e a sustentabilidade foram desenvolvidas com competência, demonstrando um equilíbrio entre teoria e prática. Trata-se de uma contribuição significativa tanto para a academia quanto para a sociedade, evidenciando o potencial transformador da arquitetura e do urbanismo”, pontua.
Com relação ao projeto, Gonzalez destaca a linguagem arquitetônica contemporânea, evidenciada pelo uso de materiais de estrutura metálica e pela exploração de espacialidade fluida. “A edificação equilibra espaços abertos e cobertos, utilizando barras estruturais para articular o conjunto. Essa solução promove permeabilidade visual e integração entre diferentes funções, criando um ambiente propício à colaboração e inovação. A espacialidade bem trabalhada é um ponto de destaque, oferecendo diversidade de usos e flexibilidade, aspectos fundamentais para um hub voltado ao empreendedorismo e à formação tecnológica.”
Para o professor Hilton Fagundes, o trabalho mostra que hubs tecnológicos não devem funcionar como ferramentas que perpetuem a exclusão, mas podem se tornar uma ferramenta interessante para inclusão, engajamento, resoluções de problemas e contínuo aprendizado. “Não é possível falar em inovação para desafios do mundo real sem a inclusão plena das mulheres. Diversidade, equidade e inclusão tornam a indústria da tecnologia mais forte e vibrante. E se a tecnologia é uma das indústrias de crescimento mais rápido e mais influente na sociedade, para que as mulheres tenham também poder e influência na sociedade é necessário que tenham também isto no setor da tecnologia”, afirma.
Fagundes ainda acrescenta: “Em uma tecnologia da arquitetura, em constante evolução, a contribuição das mulheres deve ter seu papel reconhecido e valorizado. O trabalho da Patrícia, está longe de ser a criação de um espaço segregado, mas sim de um espaço que funcione para mulheres e meninas pois espaços inclusivos funcionam também para todos na nossa sociedade.”
Gestor executivo do Tecnosinos, Silvio Bitencourt diz que o projeto exemplifica como a arquitetura pode transcender o espaço físico para se tornar um instrumento de transformação social e nos inspira a repensar os ambientes de inovação como espaços inclusivos, acessíveis e sustentáveis. “Essa abordagem é fundamental para fortalecer ecossistemas de inovação que promovam diversidade, colaboração e impacto positivo na sociedade. Não é apenas um exercício acadêmico de excelência, mas também um modelo que evidencia o potencial dos ambientes de inovação em enfrentar desafios globais e fomentar um futuro mais justo e equilibrado”, relata.
Premiação na colação de grau
Após receberem o título de bacharéis em Arquitetura e Urbanismo, os recém-formados tiveram a chance de celebrar ainda mais. O Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Rio Grande do Sul (IAB RS) levou ao palco seus representantes para revelar quem seriam os três alunos destaque que receberiam Menção Honrosa nas categorias do Prêmio IAB RS. Na categoria Arquitetura – Edificações (Prêmio José Albano Volkmer), Patrícia viu seu trabalho receber mais uma honraria que confirma o potencial do Aurora Hub.
Celebrando a conquista, a professora Izabele Colusso pontua: “Projetos de arquitetura focados em ambientes de inovação são muito importantes para promover a colaboração, criatividade e integração tecnológica, criando espaços que impulsionam o desenvolvimento de ideias e soluções para desafios contemporâneos. O projeto da Patrícia demonstra a aplicação destes princípios em um projeto de excelência, fato comprovado pela premiação recebida, e que é muito importante pois pode incentivar inovação em outros projetos no futuro.”

Patrícia Pereira recebe menção honrosa