DZ Estúdio, Unisinos e Unitec realizam cinedebate sobre narrativas de pessoas trans para além dos estereótipos
Identidade. Gênero. Respeito. Essas são algumas questões abordadas no Cinedebate do filme Intransitivo: Um documentário sobre narrativas trans. Realizado na última quarta-feira, 29, no Teatro Unisinos, a ação foi organizada pela DZ Estúdio, em parceria com a Unisinos, o Tecnosinos e a Unitec. A sessão foi fechada para estudantes da Unisinos, colaboradores da Unitec, do Tecnosinos e convidados da comunidade LGBTQIA+. O documentário explora e questiona os espaços de protagonismo dado às pessoas trans. Por meio da arte, busca sensibilizar o público na tentativa de mudar estatísticas e contribuir para a construção de uma sociedade que respeite os seus direitos, normalize seus corpos e lembrem de suas histórias.
A Head de Cultura e Pessoas da DZ Estúdio, Aline Bohn, explica que a ideia do evento surgiu por meio do coletivo de diversidade da agência, grupo de trabalho interno voltado para pensar ações afirmativas, e se tornou uma ação colaborativa com a universidade. Além disso, faz parte de uma série de ações realizadas pela DZ Estúdio, que está instalada na Unitec POA, ao longo de junho – mês do orgulho LGBTQIA+. “Nós, pessoas cisgêneras, insistimos em nos ver como norma. É urgente que a gente abra mão desses ambientes homogêneos e possibilite que espaços de educação e criatividade, como, por exemplo, o Teatro Unisinos, sejam ocupados com vivências plurais. Temos convicção que este caminho gerará um ambiente mais promissor e inclusivo dentro das empresas e instituições de ensino”.
Em janeiro, a fim de evidenciar o mês da visibilidade trans, o coletivo realizou uma palestra com os responsáveis pela produção do documentário, que agora retornaram para apresentar o filme produzido. A DZ Estúdio integra o Pride Connection (rede de empresas que busca promover espaços de trabalho mais inclusivos, diversos e seguros para LGBT+) e vem desde 2019 trilhando caminhos voltados à diversidade e inclusão, e os resultados já transparecem na representatividade dentro da agência, onde 69% dos profissionais são mulheres e 33% LGBTQIA+.
Para o decano da Escola da Indústria Criativa da Unisinos, Gustavo Severo de Borba, o cinedebate foi um momento muito importante para a universidade. “Reafirma o compromisso da Unisinos, que reconhece que precisamos sempre de diversidade, equidade e inclusão para poder desenvolver novos conhecimentos e novas aprendizagens. Também foi um momento significativo pela conexão entre a comunidade, a Unisinos e o ecossistema de inovação de Porto Alegre, através da DZ Estúdio”.
Atuando na área de Relacionamento com Startups e Empreendedorismo no Tecnosinos, Isabela Giongo, entende que é importante trabalhar, de forma colaborativa, a pluralidade nos ecossistemas de inovação. “Esta é uma iniciativa que precisa ter cada vez mais espaço no cenário de empreendedorismo. Como é importante termos aqui, na Unisinos, um espaço de debate, acolhimento e representatividade”.
Debate sobre representatividade
O filme Intransitivo conta a história de oito pessoas trans de diferentes pontos do Rio Grande do Sul. Produzido com recursos captados através do Edital ‘Criação e Formação Diversidade das Culturas’ da Sedac em parceria com a Fundação Marcopolo, o documentário possui duas linhas narrativas: a principal, composta pelas entrevistas, a qual busca uma multiplicidade de vivências, e a secundária, que são os bastidores e configura uma estética de road movie, gênero cinematográfico que aborda um enredo que se constitui pelo deslocamento em busca de algo ou alguém, experiências vividas pela equipe de produção durante as gravações.
Após a exibição do média-metragem, foi realizada uma conversa mediada pelos professores e pesquisadores da Unisinos Maria Clara Aquino Bittencourt e Ronaldo Cesar Henn, junto ao time que produziu a obra.
Uma das produtoras da obra, Luka Machado explicou que a ideia de produzir um documentário que trabalhasse questões de sexualidade surgiu durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). “Queríamos contar outras histórias. Quando fomos aprovados, abrimos uma chamada para pessoas trans, onde mais de 300 se inscreveram para seleção. A partir dos relatos, selecionamos oito histórias, que foram acolhidas na narrativa”.
Maria Clara entende que há carência de dados e poucas referências sobre questões LGBTQIA+. “Conseguimos enxergar que o documentário também traz um processo de interseccionalidade, além de mostrar o sofrimento e as dificuldades que as pessoas trans enfrentam”.
Uma das escolhidas para contar sua história no documentário, Drone, explicou que o vídeo conseguiu refletir um momento conturbado de sua vida, tendo em vista as dificuldades ocasionadas pela pandemia. “Passei por um processo de fortalecimento antes de poder falar. Eu não passava por uma fase boa na minha vida. Estava muito difícil viver na pandemia. E, isso, refletiu na minha imagem no documentário”.
Henn destacou a potência da narrativa, construída a partir das oito histórias. “O filme trata sobre corpos dissidentes ou dissonantes. São várias fronteiras de possibilidades de ser. Apesar da questão LGBTQIA+ ter ganho visibilidade e intensidade nos últimos tempos, o documentário é, também, uma manifestação. Os produtores conseguiram dar conta de uma coisa significativa, nesse contexto de representatividade”.
O que é o movimento LGBTQIA+?
LGBTQIA+ é o movimento político e social que defende a diversidade e busca mais representatividade e direitos para essa população. O seu nome demonstra a sua luta por mais igualdade e respeito à diversidade. Cada letra representa um grupo de pessoas: L = Lésbicas; G = Gays; B = Bissexuais; T = Transgênero; Q = Queer; I = Intersexo; A = Assexual; + = inclui outras identidades de gênero e orientações sexuais que não se encaixam no padrão cis-heteronormativo, mas que não aparecem em destaque antes do símbolo.
O Manual de Comunicação LGBTI+, elaborado pela Aliança Nacional LGBTI+ elenca os significados de cada letra da sigla LGBTQIA+.