Biosens recebe investimento do Fundo20 Tecnosinos e Instituto Hélice

Startup desenvolveu um teste rápido que avalia parâmetros da coagulação de sangue

A criação de soluções inovadoras, que envolvem um ambiente complexo e de relação intrínseca com pesquisas científicas precisam de investimento e tempo para se desenvolver. Quando falamos nas healthtechs (startups da área da saúde), o desafio de transformar essa ideia em produto é ainda maior.

Fundada em maio de 2020, já num contexto de pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a Biosens atua na pesquisa, desenvolvimento e comercialização de biossensores, com foco em hospitais, clínicas, consultórios e farmácias. Instalada no Parque Tecnológico São Leopoldo – Tecnosinos, a startup foi selecionada para dois programas de aceleração: Fundo20 Tecnosinos e Instituto Hélice.

A co-fundadora da Biosens e professora da Escola de Saúde da Unisinos, Priscila Lora, explica que a startup possui o escopo de alguns produtos, que estão sendo estudados e analisados, quanto aos respectivos potenciais de desenvolvimento. Para o processo de aceleração, que será conduzido pela aceleradora Ventiur, a Biosens optou por desenvolver um teste que avalia parâmetros de coagulação de sangue. “Estamos muito felizes, pois somos uma empresa de base tecnológica para a saúde. Vamos desenvolver um teste rápido de coagulação, que atualmente é o nosso produto com maior maturidade tecnológica”, explica.

Além deste produto, está no roadmap da empresa o desenvolvimento de biossensores para outros biomarcadores alvos que envolvem o uso de tecnologias avançadas, como grafeno e CRISPR.

De acordo com o fundador e diretor executivo da Ventiur, Sandro Cortezia, o processo de aceleração dura nove meses. Neste período, será feito um acompanhamento da startup, buscando ajudar a Biosens no desenvolvimento do produto e inserção no mercado. Será realizado um aporte de R$ 400 mil na startup, sendo R$ 200 mil de cada grupo de investidores.

Com o aporte, a Biosens pretende alavancar o desenvolvimento do produto, bem como ter acesso a diversas oportunidades ao longo da aceleração: planejamento, networking e mentorias. “O investimento vai acelerar o acesso a insumos, testes e a contratação de profissionais especializados. Esperamos que fortaleça e acelere nosso processo de comercialização do produto e consolidação da empresa”.

Academia x negócio

Priscila conta que a startup nasceu no ambiente acadêmico, numa união de expertises das áreas da saúde e engenharia. O estudo foi avançando e tomando corpo, até se transformar em uma empresa. Para ela, um dos desafios de transformar uma pesquisa acadêmica em negócio é fazer a virada de chave e entender que o contexto é diferente. “Quando se fala em transformar uma ideia em negócio, precisamos entender que a trajetória de sair da universidade e empreender não é tão simples. Há muita estratégia e amadurecimento de negócio envolvidos neste processo”.

Segundo Priscila, a startup já vinha buscando fomentos relacionados ao desenvolvimento de fundos, como CNPq e Fapergs. “Já recebemos quatro editais de fomento, que nos deram uma base para o desenvolvimento do produto em uma velocidade menor, mas importante”.

Conheça o teste de coagulação

Uma estimativa com base em pesquisa de mercado, realizada pela Biosens, aponta que o Brasil efetua mais de 89 milhões de testes de coagulação por ano. Embora tenha uma grande demanda, Priscila explica que há apenas dois tipos de testes rápidos disponíveis, que chegam a um custo relativamente alto. Ela estima que a solução desenvolvida pela startup deve chegar ao mercado a um custo entre 30 e 40% mais barato dos que os oferecidos atualmente. “Queremos lançar o produto até o final de 2022. Temos alguns desafios pela frente, como consolidar equipe de PDI, certificações e exploração do mercado. Esperamos que a aceleração nos ajude a pensar estrategicamente”.

O teste rápido que está sendo desenvolvido pela Biosens utiliza um sistema de inteligência artificial, baseado em nuvem, que será uma importante ferramenta no apoio a tomada de decisão. “A ideia é que o teste substitua a coleta de sangue venoso, por uma coleta de ponta de dedo, que vai realizar o exame na hora e encaminhar o resultado para um aplicativo web”, explica Priscila.

Com base em parâmetros pré-estabelecidos, a solução vai analisar os dados coletados e fazer uma sugestão de ajuste de dose da medicação, que leva em consideração parâmetros clínicos que hoje não são comumente considerados. O teste pode ser aplicado em diversos cenários onde a coagulação está relacionada: processos com traumas graves, condições de cirurgias e um vasto grupo de pacientes que faz uso de medicação anticoagulante (pacientes com válvula cardíaca, trombose etc) que, no contexto da Covid, tem alguma alteração de coagulação.


24 de Junho de 2021
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